Tudo começou à milhões de anos atrás
Onde não havia som, nem água, nem ar
Tentando decifrar, sem ser capaz
Como é que tudo poderia começar.
Com um grande gesto de amor
A Lua e o Sol se beijaram
E assim, com muita paz e calor
As emoções se propagaram.
A Lua e o Sol continuavam
Naquele suave beijo milenar
E nunca mais pararam
Até a vida se manifestar.
O Sol disse à Lua
Que nunca a ia esquecer
E Ela não era ingénua
Mas acabou por ceder.
A Lua morta de amores
Deixou o Sol brilhar
Por entre rios e rios de cores
A vida começou a desabrochar.
O Sol brilhava incansavelmente
Por todo os espaços refundidos
Criando vida a cada semente
Lembrando-se dos outrora esquecidos.
A Lua assistia a isto
Pensando onde seria o seu lugar
Pois era mais que previsto
Que com o Sol queria brilhar.
E então a Lua foi
Com o coração cheio de esperança
E Perguntou muito devagar ao Sol:
"Posso ser a tua criança?"
O Sol disse que só o faria
Com uma condição
Que a lua poderia brilhar
Mas apenas na escuridão.
A Lua aceitou logo
Sem pensar no que ia acontecer
Mas o Sol brilhava de dia
E a Lua ao anoitecer.
Assim, pólos opostos
Insistiram em continuar
E por milhões de anos essa promessa
Tem-se vindo a realizar.
Pois o sol ilumina o dia
Para depois se ir deitar
Deixando a noite toda
A Lua no céu a brilhar.
Eles nunca mais se viram
Mas mantiveram o pacto
Que enquanto cada um brilhasse
O seu amor permanecia intacto
.
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