terça-feira, 22 de março de 2016

Silêncio

    Mais uma vez consumo a  noite em tons de notas desgastadas, esperando a lua no seu auge energético para que com ela nasça uma nova parte de mim ou que uma velha morra, delimitando o meu espírito a sentimentos e escolhas que só ela me pode indicar, tal como a introspecção deste momento. Posso por vezes nem saber o que quero mas sei definitivamente o tipo de vida não quero para mim. É como uma história que revivesse repetidamente até à exaustão, o meu inferno pessoal consagrado em palavras de solidão e de desespero despejadas por entre linhas tortas daquilo que gostaria de expressar mas que por alguma razão não pode ser esbanjado no papel, apenas sentido na pele. Algo que nem a própria fricção de corações pode salvar, por muita luz que entre, a escuridão vai sempre ofuscar e libertar-se nas sombras enquanto se olha para o infinito de remendos trocados por todas as estrelas que eu deveria ter contado. Porém achei que elas fossem ficar no céu para sempre sem perceber que se não as contasse hoje, amanhã poderiam já lá não estar, um "deixa para amanhã" sem qualquer evidência se haveria um hoje.
    Uma nova era demarcada pela frustração do desentendimento que não pode ser justificado por muito que se lhe queira torcer a verdade. Sempre me disseram que o verdadeiro cego é aquele que não consegue ver, porém, neste momento, mesmo que tivesse os meus dois olhos no chão iria perceber que há certas coisas que simplesmente vieram na altura certamente errada e nos fios do incompleto não há muito a fazer sem ser completá-los até cair na noite mais uma vez. Pelo menos até o dia puder ser chamado disso e o sol brilhar com a grande imensidão que é suposto, pois até esse pode falhar.



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