Vou só sentar-me aqui contando as estrelas baixinho deixando mais uma vez a lua brilhar por entre os espaços dos meus dedos como que se de uma única gota de chuva se tratasse enquanto penso como tudo poderia ser diferente e ao mesmo tempo o que é que seria de mim se tudo fosse diferente, porque afinal o que é arte sem dor?
Sou amiga do vento pois só ele me pode levar para onde devo estar e para isso tenho que ser mais leve que a brisa em si para poder fazer parte dela. Tenho de deixar as folhas mais uma vez caírem suavemente da minha árvore nem lhes dando a importância que merecem, senão ainda dói mais perdê-las, enquanto as vejo a voar e a caírem lentamente às minhas grandes raízes que já tantas folhas viram cair desde o meu renascimento. Podia resumir-se em duas palavras bem simples: "deixar voar", pois essas folhas da história já estão perdidas desde que decidiram largar a árvore deixando (a história) incompleta ou marcando o seu fim súbito.
Agora resta perceber que algumas folhas custam mais que outras, mas que um dia deixam de fazer falta, e vão ser substituídas, e vão ser trocadas, e usadas, e reutilizadas e que no fundo não passam de simples folhas enquanto a árvore se mantém forte, a suportar Invernos gélidos e Verões tórridos sem nunca precisar das folhas que a abandonaram, pois elas vão voltar sob outras formas, podendo estas serem boas ou más e trazendo-nos as lições até as aprendermos e o nosso coração consiga seguir naturalmente o caminho que deve até chegarmos onde devemos realmente estar.
Porque nós somos árvores e não passamos de folhas para as outras pessoas e e as pessoas não passam de árvores, sendo nós as suas folhas. As folhas das suas histórias.
"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós...
Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós."
A.S.E.
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